A inconfidência de ser brasileiro, até a raiz, por Magali Romboli

Se você ainda não se apaixonou por sua pátria, ou ainda acha que aqui não tem heróis, leia o livro “Trilogia Heroica”, de Prestes Filho

Baby Consuelo embalou a infância e a juventude de muita gente nascida nos anos 60, 70 e até 80, ao cantar que “todo dia, era dia de índio”. Em pleno regime militar, a criançada fazia ciranda nas escolas para celebrar a obviedade desta melodia, porque  todo dia é dia de gente,  mas que na fala assertiva dos mineiros, só uma minoria “não se apercebe”.  O hit baiano ganhou escala na aprendizagem e atingiu as gerações seguintes dos  millennials e dos incríveis da “Z”.

Ouso dizer que depois do macabro halloween fora de época, do 8 de janeiro, que todo dia é dia de ser inconfidente, porque a forca está no pescoço de todo brasileiro que não tolera mais a hegemonia da grande Casa Grande e Senzala que virou o mundo globalizado.

A turma que um dia acreditou que Chicago’s Boy seria sucesso como One Direction, ainda acha graça na cultura que  espelha a mesma objetividade de quem trafica o crack. E é por isto que a banda dos “hegemônicos” toca mal e arrebenta com seus integrantes, destrói famílias e promove um verdadeiro apocalipse para toda a sociedade. Eles não entendem a beleza do que representa a insaciedade natural da espécie, e ao se converterem em high society, saqueiam o desejo de uma vida equilibrada que está na agenda de desejos da maioria da população mundial: trabalhar para viver a vida, cultivar amigos, dividir a mesa, e ao som de música  comer churrasco, lasanha, sushi, homus, samosa, frango gong bao, quibe ou hambúrguer na laje. 

Naquele dia típico de feriado, por mais que uma parte dos brasileiros se afastem do cansaço, sem com isto estar em “berço esplêndido”, eis que Luiz Carlos Prestes Filho recorda a linha do tempo de suas raízes brasilianas em conto, canto, prosa e poesia a partir da História de  três grandes Colunas: a dos Tamoios, dos Inconfidentes e a Coluna Prestes, que em pleno Século XX, demonstrou o quanto poucos podem atrapalhar os planos da tirania.

Se você ainda não se apaixonou por sua pátria, ou ainda acha que por aqui não tem heróis, está na hora de ler o livro “Trilogia Heroica”, de autoria do Prestes Filho. Prepare o celular porque para entrar na sua/nossa história e beber da fonte, tem vários QR-codes de acesso às melodias que embalaram esta nossa alma libertária.

A obra é composta por três momentos: “Piaçaba e Acrescidos” , “Molhem Minha Goela com Cachaça da Terra” e “Lendas Coluna Prestes”,  e sua natureza dramática e musical se desnuda em poemas, ilustrações, pesquisa historiográfica, relatos, testemunhos, resenhas, partituras, e letras de canções

Com o mecenato da Fundação João Mangabeira, Luiz Carlos Preste Filho tornou a obra de domínio público, porque você merece ler, ouvir e se encantar com “Trilogia Heróica”, com download gratuito, basta clicar aqui.

Distante das pedaladas até de Darcy Ribeiro, que defendeu a Educação e a Civilização Brasileira, mas passou a perna nos professores, retirando-lhe uma carreira digna no magistério, e com isto precarizando a formação da primeira civilização planetária. Porque somos sim, o que no jargão dos gramados representa novamente a “bola da vez”, a possibilidade de ser a Terceira Via, mas para isto temos que parar de pôr a corda no pescoço e fazer como Tiradentes, antes do fim uma cachaça, por favor!

Magali Romboli, jornalista e pesquisadora em Educação, pelo PPGE-UNINOVE