Publicado 27 de novembro de 2015 10:57. última modificação 27 de novembro de 2015 10:57.

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Mulheres unidas contra violência

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Aconteceu na noite da última quarta-feira, 25, na sede da Fundação João Mangabeira(FJM) em Brasília, mais uma edição do Bate-Papo Online, dessa vez o tema foi “O enfrentamento da violência contra a mulher no Brasil”. O evento foi uma realização conjunta entre a FJM, a secretaria de Mulheres do PSB-DF e a coordenação da FJM-DF. O debate que incluiu especialistas na área, políticos, representantes de instituições e ativistas foi conduzido pelo presidente da Fundação, Renato Casagrande e teve como motivação os 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra mulheres, que acontecerão entre os dias 25 de novembro a 10 de dezembro.

Para Casagrande, “infelizmente a violência contra a mulher ainda é um tema muito atual no Brasil” e seu combate exige a elaboração de políticas públicas específicas para o tema, ele lembrou que quando governou o Espírito Santo tomou medidas efetivas nesse sentido e conseguiu reduzir os números da violência contra as mulheres.

Pesquisa recente divulgada pela Organização das Nações Unidas (ONU) revela que 50,3% das mortes violentas de mulheres são cometidas por familiares e 33,2% por parceiros ou ex-parceiros. No Brasil, em 23 anos, 106.093 mulheres foram assassinadas, 4.762 somente em 2013, segundo o mapa da violência divulgado no início deste mês.

Márcia Rollemberg, primeira dama de Brasília e diretora executiva da FJM, lembra que, segundo o mapa, entre 83 países o Brasil fica em 5o lugar no ranking dos mais violentos, a primeira dama disse que é preciso utilizar a cultura como instrumento para redução desses números. Aqui no Distrito Federal o governo antecipou o início dos 16 dias de ativismo para o dia da marcha das mulheres negras, que foi apoiada pelo governo local e está iluminando de laranja os prédios públicos, como a Torre de TV, em alusão ao tema, além de incentivar atividades com esse fim.

A presidente do Conselho de Direitos da Mulher do Distrito Federal (CDM-DF), Lúcia Bessa, explicou que nos próximos dias 5 e 6 de dezembro acontece a Conferência Distrital de políticas públicas para mulheres no DF, ela lembrou que existem vários tipos de violência contra a mulher, incluindo a “violência obstétrica”, causada pela falta de condições na rede pública de saúde para realização de partos, “temos que refletir como as mulheres têm sido atendidas e dar a elas um olhar diferenciado que elas precisam e merecem”, afirmou.

Segundo a Professora do Instituto Brasiliense de Direito Público, mestre em psicologia, Nayara Magalhães, autora de um estudo sobre o sistema de justiça especializado do Distrito Federal, incluindo delegacias de atendimento especial a mulheres e outras instituições do sistema, a qualificação dos profissionais que trabalham na rede de atendimento às mulheres é caracterizado pela heterogeneidade: há profissionais extremamente qualificados trabalhando ao lado de profissionais sem preparo. Segundo a especialista, isso acontece porque “não há capacitação específica voltada para o atendimento às mulheres”. (Veja abaixo link para artigo da professora Nayara)

Doutora pela Universidade de Oxford e professora de Comunicação da Universidade de Brasília, Roberta Gregoli diz que a sociedade imagina o agressor como “um monstro”, mas que essa imagem não corresponde à realidade, “os homens agressores não são exceção à regra”, avisa.

Delegada-chefe da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM), Ana Cristina Santiago, explica que a Lei Maria da Penha significou um grande avanço na luta pela redução da violência contra à mulher, mas que é preciso aperfeiçoá-la, Ana Cristina diz que existe uma reivindicação do Sindicato dos Delegados de Polícia para que a delegada de polícia possa deferir medidas protetivas já no momento do registro da ocorrência. “Da forma como está hoje, ao fazer a denúncia, a mulher é que tem que deixar sua casa e sua vida para se proteger, essa situação persiste até que haja uma decisão judicial restringindo a liberdade do agressor”, afirma a delegada-chefe.

“Vítima sou eu!”
Foi com essa expressão que Eucina Pereira de Brito, 48 anos, se apresentou ao público presente ao Bate-Papo Online da última quarta-feira, “eu sei na pele o que é sofrer violência contra a mulher, o que é dormir com uma faca debaixo do travesseiro, esconder os filhos debaixo da cama para não me verem apanhando”, disse a mulher com voz embargada. Sem perder a firmeza ela conta que sofreu ameaças durante 22 anos, isso a motivou para criar a ONG Abracem Brasil, que dá apoio a mulheres vítima de violência em Arapoanga de Planaltina/DF, comunidade onde mora.

Saiba o que é o Bate-Papo Online
O Bate-Papo Online é um tipo de evento promovido pela Fundação João Mangabeira que reúne especialistas, políticos e ativistas num fórum de discussão sobre um determinado tema. O evento é transmitido ao vivo pela web TV João Mangabeira e o público pode participar em tempo real por meio de um chat que fica a disposição daqueles que queiram participar. Veja no site www.tvjoaomangabeira.com.br

Sugestão de leitura – GÊNERO E VIOLÊNCIA CONJUGAL: Olhares de um sistema de justiça especializado // Nayara Magalhães – http://reedpesquisa.org/ojs-2.4.3/index.php/reed/article/view/73/67

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