Publicado 15 de dezembro de 2020 16:06. última modificação 15 de dezembro de 2020 16:07.

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Arraes vive!

“O que importa é a prática política, o que importa são os posicionamentos que se tomam ao lado de determinadas camadas sociais em defesa de teses que interessam à nação como um todo.” As palavras de Miguel Arraes, que nesta terça-feira (15) completaria 104 anos, revelam a sensibilidade política, o compromisso com as causas justas, a noção clara das prioridades que, na sua opinião, deveriam pautar as ações de um líder político.

A trajetória de um dos maiores líderes da esquerda brasileira é o próprio exemplo disso, lembra o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.

“Dr. Arraes conhecia com profundidade a realidade do povo mais humilde, estava próximo dele, e foi capaz de promover uma transformação dessa realidade, durante seus governos, e de pensar o Brasil sobre a perspectiva de um projeto nacional de desenvolvimento, independente, soberano e mais justo para a maioria de sua população”, analisa.

Como prefeito, criou o Movimento de Cultura Popular, um programa para educar jovens e adultos pobres da periferia do Recife, sob a coordenação de Paulo Freire.

Homem de diálogo, mas que sempre teve ‘lado’ na política, como governador, Arraes promoveu avanços entre setores opostos, como os proprietários de terras e os trabalhadores rurais, que não possuíam direitos.

Colocou na mesma mesa os trabalhadores da cana de açúcar e os usineiros e conseguiu celebrar o importante “Acordo do Campo”, o que diminuiu os conflitos sociais no campo e garantiu mais dignidade aos agricultores.

Arraes criou programas de irrigação e de eletrificação rural de pequenas prioridades, abriu linhas de crédito agrícola e criou o programa Chapéu de Palha, até hoje em funcionamento, que garante emprego e renda para os trabalhadores rurais da Zona da Mata durante a entressafra da cana-de-açúcar.

Como deputado federal, esteve à frente da campanha “O Petróleo é Nosso”, o grande movimento em defesa da exploração do combustível por empresas brasileiras que resultou na criação da Petrobras.

Como governador, criou também uma fábrica de fertilizantes e um laboratório farmacêutico para atender os hospitais e postos de saúde, empregando prioritariamente matérias primas da região. Criou também a Companhia Pernambucana de Borrachas Sintéticas, fundamental para formação da indústria de base de Pernambuco, e o Crédito imobiliário de Pernambuco, que se tornou o banco do estado de Pernambuco para o desenvolvimento do interior do Estado.

Investiu na construção e na ampliação de estradas, do saneamento básico e do setor elétrico. Construiu dezenas de lavanderias, chafarizes e colunas públicas em vários bairros populares do Recife, além de mais de 62 mil metros de linhas distribuidoras de água e 5,6 mil metros de coletores de esgoto.

As muitas obras e realizações de Arraes revolucionaram a realidade de Pernambuco criando as estruturas para o desenvolvimento e o bem-estar social da população.

O custo da coerência

Suas convicções e posicionamentos de uma vida inteira cobraram um custo alto a Miguel Arraes que, em abril de 1964, teve o mandato interrompido, foi preso, e depois foi obrigado a se exilar na Argélia com a família, por força da perseguição do regime autoritário.

Só com a lei da anistia, pode retornar ao país, no fim da década de 70, e governar o Estado por mais dois mandatos.

Nacionalista, Arraes não enxergava os problemas regionais separados dos nacionais, mas um Estado como parte de uma totalidade. Para ele, somente o desenvolvimento de todas as regiões de forma integrada poderia promover a emancipação do país por meio de um projeto de nação livre, independente e soberana.

O ex-governador defendia a indústria nacional como principal motor para elevar o padrão de vida da população, priorizando empresas nacionais com forte vocação regional para o equilíbrio entre as regiões e o desenvolvimento de uma economia nacional.

Fonte: psbnacional.org.br

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