Publicado 18 de maio de 2024 20:21. última modificação 25 de maio de 2024 16:49.

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Estratégias para construção de imagem pública e reputação em sites e portais na era da sociedade em rede

Luciana Panke ensina como se tornar visível na política com networking, assertividade e comunicação compartilhada

A contextualização de que se vive numa sociedade em rede, analógica ou virtual, é a chave para o entendimento do que é necessário para se construir uma imagem pública e reputação por meio de sites e portais.

O ensinamento é da professora do Departamento de Comunicação e da Pós-Graduação em Comunicação da UFPR (Universidade Federal do Paraná, Luciana Panke, em ’Informações para internet – textos e estratégias para portais’, tema da sétima aula do curso de formação política do PSB, ‘Criatividade: Marcas e Marketing do PSB/Eleições 2024 – Comunicação, Conteúdo e Práticas’, nesta quinta-feira (16), via You Tube e Zoom.

Estrategista por excelência, Luciana Panke é reconhecida como uma das 12 mulheres mais influentes da comunicação política da América Latina pelo Victory Awards 2016.

A especialista mostrou a relevância de se contextualizar o tipo de sociedade em que vivemos. “Aí vêm os erros de campanhas, quando não são contextualizadas. Em que tipo de sociedade estamos?” Luciana ensinou que é uma sociedade em rede, presencial ou digital: com redes de informação, que é a compartilhada on line e as fofocas (salão de beleza, Uber); redes de apoio, formadas por pessoas se voluntariando, e as redes de contato, o chamado ‘networking’. “Quem tem uma boa rede de contatos, caminha por caminhos mais leves. Quando a pessoa não é vista, não está no páreo. Estamos na era de compartilhamento. A internet potencializa o compartilhar, o ‘todo mundo fica sabendo’. Isso nos leva a uma polarização, que é o que vivemos hoje.”

IMAGEM E REPUTAÇÃO – É necessário cuidar da imagem pública e da reputação. A imagem se constrói por meio da visibilidade, aparecendo, as pessoas devem reconhecer que você faz algo porque é divulgado no dia a dia, gerando percepção, que é fugaz. “O resultado da imagem pública é a reputação. Percepções mudam, assim necessário se faz ter identidade própria, identidade de comunicação, que estará presente nos meios de comunicação, como rádio, TV, jornal, carro de som, placas de rua, redes sociais digitais.”

Ela frisou que tudo comunica – como você fala, o que fala, que roupa usa, lembrando de uma situação em que a candidata só usava vermelho, tom representativo da esquerda, e ela não pertencia a esta vertente ideológica. “Eu a aconselhei a usar cores do partido dela para não dar a percepção errada.”

RELAÇÃO INTERNET POLÍTICA – A relação que há entre a Internet e a política inclui três aspectos. O primeiro é a informação, que tanto pode ser horizontal – comunicação nas redes sociais digitais, em que todos são iguais, podendo interagir entre si, sendo efêmeras e focadas no entretenimento -, como pode ser vertical, no caso do site, sem permissão de interagir. Nas redes sociais há bolhas políticas, de influências. O segundo é a persuasão, que é convencer ou persuadir alguém a ficar a favor de seu partido, aderir às ideias. Já o terceiro aspecto é a desinformação, as fake news, que são muito persuasivas, por isso funcionam.
Para enfrentar o imediatismo das redes sociais digitais, as pessoas podem expressar opinião com frequência, principalmente o lado emocional. “Mas, não esqueça: na internet tudo tem memória, fica registrado.’

PORTAIS E SITES – Luciana Panke distinguiu site de portal, explicando que, na política, um site representa uma única página ou um conjunto de páginas relacionadas por interesse da web. O portal é mais abrangente, tem variedade de serviços, recursos e informações, como o UOL.

A professora exemplificou como site institucional o da Fundação João Mangabeira, que possui vínculo com o PSB, mas não eleitoral. Tem logomarca, acesso a todas as redes, e o carrossel, ou seja, informações ‘rodando’ e se alternando, para dar dinamismo, com controle da periodicidade, que não necessita ser constante. “Há mais tempo de aprofundar o texto e nem sempre é diária a colocação de informações.” Além das informações fixas, como o histórico, também são elencadas as parcerias no rodapé.

Já no site de partido político, como o PSB, igualmente há as informações fixas, que funcionam como banco de dados; todas as redes sociais digitais; o novo programa do PSB; o ‘filie-se’; o home com informações mais frequentes, diferente do carrossel; downloads; endereço; parceiros; fotos, entre outros.

Em um site de campanha eleitoral, a especialista citou o de Lula, quando candidato, em que se vê o uso do verde e amarelo, o desmentir inverdades, biografias, destaques, e as notícias voltadas para a imprensa, isso porque, segundo ela, serve para complementar informações, persuadir, conversar com vários públicos, além do eleitorado.

DICAS PARA UM BOM SITE – Algumas dicas citadas por Luciana Panke para elaboração de um bom site são: navegabilidade; cores coerentes; hipertexto (texto em camadas, levando a várias informações, outros textos, vídeos, fotos; em cima da aba constar o institucional, contato, e o histórico, sempre essencial para qualquer site; notícias com periodicidade e foto; repositório (documento, livros).

A arquitetura do site precisa ter periodicidade; objetivos; home (página inicial – carrossel para dar atualidade); links para outros espaços do site; contato; assinatura (logos e endereço). Nas páginas internas podem ficar documentos, imprensa, campanhas, repositórios.

“Planejem que tipo de informação vocês querem, antes de contratar profissionais para que eles mostrem as opções. Veja o que quer fixo, notícias, os apoios no rodapé, com logos clicáveis.” Ela ressaltou que o registro do domínio é fundamental, ou seja, do nome, que deve ser o mais próximo possível do candidato, do partido ou da instituição, como o do Lula (lula.com.br).

REDAÇÃO – A professora afirmou que a redação para sites e portais é mais formal, mas também de textos simples e curtos, como nas redes sociais; deve-se fazer manchetes (chamadas); usar primeira pessoa para engajar – ‘Siga nossas redes’ e não ‘Sigam nossas redes’; procurar conversar com o público, utilizando verbos e expressões como ‘comente’, ‘participe’, ‘o que você acha’, e não esquecer do hipertexto.

SITE ACESSÍVEL E IMPULSIONADO – A coordenadora do PSB Inclusão, Luciana Trindade, perguntou como deixar o site mais acessível. “Se tem vídeos, pode haver tradução em Libras, já existindo o formato gratuito, mas se puder pagar para fazer mais personalizado, melhor. O braile é outro recurso e uso de letras maiores, conforme o caso.”

Para outra dúvida, de como engajar conteúdos, a dica foi usar linguagem mais emocional, divertida, nas redes sociais, e remeter ao site.

Quanto à melhor rede social, a professora disse que depende, de acordo com o ‘fôlego’ que o candidato terá para interagir com as pessoas.

Sobre autodidatismo, “conhecer o Canva é muito importante para fazer layout do site, vídeo e card, além de haver plataformas gratuitas para fazer sites.” Porém ela acredita que tem que ter mão de obra qualificada, personalizada, para fazer o melhor. “Às vezes não vale a pena ter site, conforme a candidatura, a estratégia de campanha. Há casos em que as redes sociais resolvem.”

Em relação ao impulsionamento, declarou que é bom fazer para chegar ao público que se quer atingir, formando as bolhas, ou até para furá-las, atingindo outros segmentos. “Umas pré-candidata pode fazer um card com uma frase legal, voltado às mulheres, por exemplo, e mandar pessoalmente para os contatos do seu instagram, pedindo apoio para curtir, comentar, compartilhar. Você pode pedir isso, sem vergonha.”

Após sua apresentação, Luciana Panke sorteou dois exemplares de um livro sobre as eleições 2020, que teve sua organização, entre os 150 participantes de todos os recantos do país.

Voltada a pré-candidatos (as) a prefeito (a) e a vice-prefeito (a) e à vereança, além de assessores (as), a aula foi mediada pela coordenadora de Comunicação da FJM, Luciana Capiberibe, e considerações do secretário de Formação do PSB, Domingos Leonelli.

PRÓXIMA E ÚLTIMA AULA: A próxima aula, que encerrará o curso, será em 23 de maio (quinta-feira), às 19h, sob o tema ‘Diversidade: o bônus eleitoral de pertencer a movimentos populares e defender causas identitárias’, com Renato Meirelles, presidente do Instituto de Pesquisa Locomotiva. Ele foi fundador e presidente do Data Favela e do Data Popular, conduzindo diversos estudos sobre o comportamento do consumidor emergente brasileiro. Considerado um dos maiores especialistas em consumo e opinião pública do país, é autor do livro ‘Um País chamado Favela’, em parceria com Celso Athayde. Renato Meirelles é palestrante e colunista.

No total, o curso abrange oito exposições de uma hora e meia cada, com meia hora para debate, realizadas por especialistas nas áreas abordadas. As transmissões, com duração total de 2 horas – 1h30 horas para o/a palestrante e meia hora para debate – são feitas sempre às quintas-feiras, às 19 horas. O curso teve início em 4 de abril e término em 23 de maio.

Cada especialista enviará um texto de quatro páginas sobre o tema abordado para que seja feita uma publicação como resultado da formação para publicação de um caderno pelo PSB e pela FJM, conjuntamente.

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