Fundação João Mangabeira na Conferência Nacional da Autorreforma do PSB
A Conferência Nacional da Autorreforma, organizada pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) e pela Fundação João Mangabeira (FJM), reúne no Rio de Janeiro, cerca de 300 filiados, entre integrantes do Diretório Nacional, dirigentes da FJM, governadores, parlamentares e dos segmentos sociais do partido. A abertura ficou por conta do pianista Artur Moreira Lima, Membro do Diretório Nacional do Partido, que interpretou as músicas Polonesa em La bemol maior, Op. 53 (Polonaise heroica, de Chopin) e Carinhoso (Pixinguinha).
A desigualdade social no Brasil é tema central da Conferência Nacional da Autorreforma do PSB, abordada na conferência magna com o economista Eduardo Moreira; o psicanalista Jurandir Freire Costa; o jurista Daniel Sarmento e com a economista Monica de Bolle, por meio de vídeo palestra. A mesa foi moderada pelo diretor de organização da FJM, Fábio Maia.
Os socialistas e a Autorreforma
Para o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, a Autorreforma vai democratizar o partido com consultas aos filiados, militantes e a sociedade em geral sobre temas como Reforma Política, o Desenvolvimento e o Meio Ambiente, as Políticas Sociais; a Economia, com prosperidade, igualdade e sustentabilidade; o Socialismo e a Democracia. Siqueira, anunciou que o processo de discussão da Autorreforma entra pelo ano que vem, com encontros em todos os Estados do País. “Os partidos necessitam de mecanismos democráticos que permitam uma boa interação e radicalização da participação. O PSB está criando uma ouvidoria e vai nomear um ombudsman. O partido também vai consultar sua militância sobre o sistema de governo, parlamentarista ou presidencialista”, afirmou.
“Não é admissível que nós não olhemos criticamente para o sistema político que praticamente desmoronou, principalmente a partir de 2013. Somos parte desse sistema, e para o bem ou para o mal, nós estamos dando a nossa contribuição, pois também cometemos os nossos erros, também temos responsabilidade, não podemos deixar de assumi-la”, disse Siqueira.
Ricardo Coutinho, presidente da Fundação João Mangabeira e ex-governador da Paraíba, disse na abertura da Conferência Nacional da Autorreforma que o PSB “tem tudo para ser um grande partido, que não renega o seu passado; bebe na generosidade do socialismo, mas que, ao mesmo tempo, reconhece as mudanças que vêm ocorrendo no mundo e tenta direcioná-las em defesa dos interesses da população. Nós devemos construir o PSB como o grande partido do povo brasileiro. Nós queremos ir além do tradicional na política; nós queremos voltar a tocar o coração do povo”.
Coutinho vê a necessidade de combater o liberalismo em sua forma mais contemporânea: o neoliberalismo. “Precisamos compreender que o Brasil e o mundo passam por uma transformação terrível, dominados pelo ultraliberalismo, por um conceito rentista onde todos – à exceção de uma ínfima minoria – podem perder. Devemos rejeitar tudo isso que aí está, mas não apenas rejeitar; precisamos abrir uma porta, um caminho consequente de mudanças. Remar contra o neoliberalismo é uma necessidade da humanidade, que só sobreviverá se derrotar esse modelo excludente”.
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), trouxe à Conferência, um caminho para reverter a desigualdade social. Para ele “o orçamento do Estado brasileiro foi sequestrado pelo mercado financeiro e por fortes corporações. Então, é preciso que a gente democratize o orçamento público e que a gente faça chegar, com prioridade, os serviços públicos a quem precisa. Nós temos um histórico posicionamento patrimonialista que acaba atrapalhando o desenvolvimento de políticas públicas. É fundamental que o trabalho na área de educação, um trabalho que eleve a qualidade da educação, seja o principal instrumento de combate às desigualdades que nós temos na sociedade brasileira”.
O deputado do PSB, Alessandro Molon, líder da oposição na Câmara dos Deputados, afirmou que o Brasil precisa de soluções para os graves problemas que enfrenta, precisa saber em que direção caminhar. “A Autorreforma vai contribuir muito para isso. Para que o PSB reconstrua um programa para si mesmo e apresente para o país um projeto que resolva os problemas concretos da população e possa desenhar um novo futuro para o país.”
Já o líder do partido na Câmara, Tadeu Alencar (PSB PE), lembra que o PSB é um partido que tem uma tradição enorme, com seus mais de 70 anos. Sempre liderou as grandes lutas de libertação, de busca de justiça social e de igualdade. O partido está tendo a compreensão que nós vivemos um momento desafiador, de ataques à democracia, em que é necessário fazer uma autocrítica do que funciona bem e do que é preciso aperfeiçoar, do ponto de vista da conexão com a sociedade civil e da sua própria militância para que possa responder aos desafios da modernidade. “Estou muito confiante de que o PSB vai saber aproveitar esta experiência renovadora para que a gente possa, como força de centro-esquerda, deixar de olhar para os dogmas do passado e passemos a olhar para o futuro, buscando um Brasil mais equilibrado, mais justo e solidário”, afirmou Tadeu.
Para o ex-governador do Amapá, João Capiberibe, a Autorreforma é uma aproximação com o povo. “Hoje há um distanciamento entre o cidadão e o poder público, entre os governantes e os governados. A gente precisa retomar essa relação. A gente precisa retomar essa relação, primeiro dentro do partido, aproximar o PSB de sua militância e também da sociedade. Nós temos que nos reformar”, afirmou Capi, que coordenou o Grupo de Trabalho Socialismo e Democracia.
“A gente está repensando o partido. Temos muito orgulho de toda história do PSB, mas no cenário que a gente está vivendo, a gente tem que se autoavaliar, analisar as práticas do partido, para apresentar o que temos de melhor ao país”, afirmou a senadora Leila Barros (PSB DF).
Para o senador Veneziano Vital do Rêgo (PSB PB), todo esse debate e todas as discussões dessa Conferência, devem ser levados à praticidade, no Congresso Nacional, nas casas parlamentares estaduais e municipais e para todos os movimentos sociais, para que possamos mostrar à nossa sociedade que o Brasil pode muito mais do que ficar discutindo, maniqueisticamente, entre ultradireita e ultraesquerda. E que somos uma alternativa moderada e equilibrada, mas acima de tudo, propositiva”, disse Veneziano.
Diretor de organização da FJM, Fábio Maia, disse que a Fundação tem seu o papel preponderante na formação de quadros do PSB, por meio de parcerias com os segmentos sociais e com as coordenações estaduais. Nós estamos promovendo cursos e debates sobre a Autorreforma. Buscando o diálogo com o maior número de filiados, militantes e de simpatizantes do PSB. A gente precisa sair da nossa bolha, porque o grande debate está nas ruas, o nosso debate tem que ser com a população”.
Estande e lançamento de publicações
A FJM tem um estande instalado no hall de entrada do hotel Othon onde estão expostos livros e publicações da Fundação Socialista. No local foi realizado na quinta-feira, 28, o lançamento do livro “História do PSB no Rio Grande do Sul”, que faz parte da coleção História do PSB nos Estados, e está previsto o lançamento do Caderno Pense Brasil Meio Ambiente nesta sexta-feira, 29.