Na luta pela pauta LGBT, Tathiane Araújo busca o olhar socialista pela livre orientação sexual e identidade de gênero
“Buscar o olhar socialista pela livre orientação sexual e identidade de gênero como políticas de gestão do partido.” Assim a secretária nacional do segmento LGBTQIA+ do partido, Tathiane Araújo, sintetiza a base do processo de construção de propostas para a autorreforma do PSB, em fase de finalização.
Tathiane lembrou do Dia internacional de Combate à LGBTFobia, em maio, e do Dia Internacional do Orgulho LGBT, no fim de junho, quando foram realizados debates sobre a autorreforma, com transmissão feita nas páginas no Facebook do PSB e do LGBT Socialista.
O evento teve a participação do presidente do PSB, Carlos Siqueira; do deputado constituinte e integrante da comissão da Autorreforma do PSB, Domingos Leonelli; do prefeito de Alpinópolis (MG), Rafael Freire; do deputado federal Camilo Capiberibe (AP), além da deputada estadual Laura Gomes (PE) e da vereadora Isabely Carvalho (PT-SP), de Limeira (SP), dentre outros.
REFERÊNCIA – Primeira mulher trans a fazer parte da direção nacional do PSB, Tathiane Araújo é uma referência no Brasil na luta pelos Direitos Humanos, sendo reconhecida pelo movimento social organizado, com a sua história de luta e ocupação de espaços em seus mais de 20 anos de movimentos sociais.
Foi reconhecida com diversas homenagens e 41 prêmios/troféus de Direitos Humanos. Em 8 de março de 2016, em celebração ao Dia Internacional da Mulher, o Governo do Estado de Sergipe homenageou 30 mulheres sergipanas de destaque em diversas áreas, sendo Tathiane a primeira mulher trans a receber o Troféu Hortênsia de Carvalho. Já em 2018, foi homenageada pelo trabalho no combate a violência a pessoas Trans no Brasil em Amsterdã (Holanda), estando como convidada do governo brasileiro para o congresso internacional.
Acadêmica de Gestão Pública, ela iniciou na militância social aos 16 anos, como líder estudantil, quando já demonstrava o seu interesse pela política. Apesar dos desafios enfrentados, tornou-se a primeira pessoa trans a presidir um Grêmio Estudantil do maior colégio da rede estadual de ensino de Sergipe, o Atheneu Sergipense. Nesse mesmo período, integrou o corpo diretivo da União Sergipana dos Estudantes Secundaristas (USES).
No fim da década de 90, a jovem Tathiane, cada vez mais engajada nas causas LGBT, foi eleita diretora do extinto Grupo Dialogay e, posteriormente, fundou a ASTRA, entidade em que atua há 19 anos pelos Direitos da População LGBT.
Após anos de esforço e muita luta, sofrendo discriminação, consagrou-se como a líder do movimento LGBT que mais representou Sergipe, seja por palestras em congressos ou em cargos de representação, como em conselhos de classes e direção de entidades nacionais LGBT e do movimento nacional de luta contra AIDS.
MOVIMENTO PARTIDÁRIO – No movimento político partidário foi fundadora do LGBTsocialista de Sergipe, diretora da executiva nacional, de 2014 a 2018, e eleita secretária nacional do Segmento LGBT Socialista do PSB em 2018.
Tathiane foi também assessora parlamentar na Câmara Municipal de Aracaju e na Câmara Federal, ganhando experiência e se capacitando no entendimento do espaço legislativo e suas funções.
ATUAÇÃO DO LGBT SOCIALISTA – O segmento LGBT Socialista vem construindo sua história desde 2005. Militantes que já se identificavam como LGBT do Partido Socialista Brasileiro, em João Pessoa (PB) e Macapá (AP), pela necessidade de articulação e organização de um segmento que pautasse questões específicas daquela população, na estrutura orgânica do PSB, reúnem-se em suas sedes regionais, para iniciar a inserção dos LGBT nas instâncias partidárias.
Em outubro de 2011, um grupo de militantes se reuniu e, como produto daquele encontro, propôs a ‘Carta de Recife’, que se tornou o marco na efetivação do Movimento LGBT Socialista, em âmbito nacional, propondo metas para a organização interna, como segmento organizado, buscando a defesa dos princípios preconizados pelo Partido Socialista Brasileiro, de socialismo e liberdade.
Já em 2012, com a realização da 1ª Plenária Nacional LGBT do PSB, ocorrendo concomitantemente aos congressos dos demais segmentos sociais, é eleita a 1ª Executiva Nacional LGBT do PSB, contribuindo com efetividade em diversos temas, construindo um partido identificado com suas raízes ideológicas, comprometido com o respeito à diversidade, na defesa irrestrita dos direitos humanos, visando à participação geral e à identificação da comunidade com o Socialismo Democrático.
A terceira e atual gestão entra para a história do Partido Socialista Brasileiro ao eleger a primeira mulher trans a integrar a Executiva Nacional do partido, por meio do segmento LGBT.
A partir dessas vitórias, o segmento tem como missão a defesa de pautas socialistas, atuando pelo reconhecimento dos direitos das pessoas LGBT na Constituição Federal, observando os princípios do Estado Democrático de Direito e a garantia de total liberdade de expressão do sagrado em um Estado Laico.