O Dia Internacional da Mulher foi tema do 30º Pense Brasil Virtual
Desde o início da pandemia, os Segmentos Nacionais do Partido Socialista Brasileiro mantiveram atuantes o trabalho e os debates na Fundação João Mangabeira. O Segmento Mulher discutiu temas como a Violência Contra a Mulher, O Papel da Mulher em Tempos de Pandemia e O Coronavírus e o Impacto na Saúde Mental da Mulher.
Para complementar esse intenso trabalho e comemorar o DiaInternacional da Mulher, a Fundação João Mangabeira, por meio de seu presidente Ricardo Coutinho, convidou fortes personalidades femininas socialistas para debater, na noite de 8 de março, os desafios colocados para as mulheres e para a sociedade como um todo.
Por isso, a 30ª edição do Pense Brasil Virtual foi especial e apresentou o tema “Mulheres Socialistas debatem o Brasil no Dia Internacional da Mulher”. Participaram da conferência online a Secretária Nacional de Mulheres do PSB, Dora Pires; a vice-governadora do Espírito Santo, Jacqueline Moraes; a deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA); a Secretária Nacional da Contag, Thaisa Daiane Silva e as deputadas estaduais Estela Bezerra (PSB-PB) e Cristina Almeida (PSB-AP).
A mediadora do debate, Estela Bezerra, destacou que o “Pense” – que está em sua 34º versão contando com os quatro debates presenciais antes da pandemia – tem sido um lugar de convergência dos melhores pensadores que participam de grandes discussões sobre os principais temas como educação, democracia, inclusão social, tecnologia e economia criativa, entre outros. “É algo extremamente necessário em um país que atualmente tem uma agenda política regressiva. E o Pense Brasil é um lugar de resistência e de formulação, que a Fundação João Mangabeira construiu para contribuir nesse momento de retrocesso e fomentar a resistência, porque acreditamos em uma agenda de justiça social e de igualdade”, completou a deputada estadual pelo PSB da Paraíba.
Thaísa Daiane Silva, Secretária Nacional da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), ressaltou que a Confederação vem cada vez mais lutando pelos direitos dos agricultores familiares e pela manutenção dos direitos desses trabalhadores, principalmente os previdenciários. Há ainda, disse Thaísa, a aguerrida luta pela terra e por políticas públicas para o campo. “O nosso país está desconstruído e precisa ser reconstruído, vemos as entregas dos nossos direitos e privatizações. Então precisamos repensar um projeto de Brasil: de reconstrução da economia, de reconquista dos direitos da classe trabalhadora e por um grande projeto que precisamos detalhar a partir de agora”, explicou.
“Esse é um momento muito difícil que estamos passando, com a pandemia. E nós mulheres muito mais, dentro dessa conjuntura. Creio que hoje foi o 8 de março mais triste que eu vivi em minha vida”, afirmou Dora Pires, Secretária Nacional de Mulheres do PSB. “Foi um dia vivido dentro de um contexto muito difícil, em que estamos reclusas e quando nossas jornadas de trabalho foram superdimensionadas – porque pelo fato de estarmos dentro de casa é o dia todo de trabalhos. Lembro também das mulheres que sofrem violência doméstica e encontram-se em uma condição de jugo ainda mais forte, sem a menor condição de buscar uma alternativa de ajuda, porque o agressor está dentro de casa o tempo inteiro. Sofrem violência física, sexual e veem a violência contra as crianças”, lamentou Dora.
Cristina Almeida, deputada estadual pelo PSB do Amapá concordou que as mulheres mais uma vez estão sendo bastante afetadas por conta de crises e aponta que hoje encontramos índices alarmantes sobre as consequências de toda essa tragédia na vida das mulheres. “Com a permanência obrigatória por muito mais tempo dentro dos lares, podemos observar muito claramente o quanto é frágil a situação da mulher negra. À mulher negra tem recaído muito mais o peso desse processo de pobreza e de fome. E foi muito emblemático quando se anunciou que a primeira vítima fatal do coronavírus no Brasil foi uma mulher negra, empregada doméstica e de meia idade. Aquilo nos remeteu a uma reflexão. O coronavírus veio com a patroa da Europa, que se manteve viva e protegida. Já essa mulher, ao retornar para o seu ambiente sem os devidos cuidados, veio a óbito”, explicou.
A deputada federal pelo PSB da Bahia, Lídice da Mata, por sua vez, apontou as distorções do sistema eleitoral brasileiro, e ressaltou que apesar do fundo eleitoral de 30% ter impactado positivamente na eleição – foram 50% de mulheres a mais de deputadas no parlamento -, esse sistema é muito complicado e faz com que o fundo eleitoral deixe de ser apropriado pelo conjunto e sim por apenas uma parcela, porque hoje não tem como fazer um fundo que seja capaz de sustentar a todos com o financiamento das campanhas. “O sistema eleitoral brasileiro é ruim e precisamos mudá-lo. Para que as mulheres tenham força cada vez maior, nós precisamos manter o fundo eleitoral nos 30%. Também é importante fazermos listas fechadas, e quando for para incluirmos cotas, que sejam cotas pra valer”, esclareceu a deputada federal.
Estela Bezerra lembrou que a agenda das mulheres nunca foi uma agenda destinada só às mulheres, sempre foi uma agenda muito ampla. “As nossas causas vão desde a saúde integral, universalizada e de qualidade, até a agenda da educação universalizada, não sexista, não machista, não racista e não homofóbica. Nós temos uma agenda que inclui a economia e a agricultura sustentável, com uma ideia de que podemos nos desenvolver economicamente com inclusão social e com respeito ao meio ambiente, para que as futuras gerações desfrutem daquilo que nós desfrutamos hoje. E que, aliás, já estamos perdendo parcialmente”, concluiu a mediadora.
Pense Brasil
Com o objetivo de formar quadros, qualificar o debate e estabelecer o diálogo para que o partido pense e reproduza cada vez mais anseios da população em busca da democracia e do socialismo, a Fundação João Mangabeira e o Partido Socialista Brasileiro desenvolveram o Pense Brasil. O ciclo de debates, além de acumular conhecimentos de diversas áreas, oferece ao país um projeto de nação. Projeto que não simboliza apenas uma disputa política, mas uma caminhada que a FJM acredita que a nação deve trilhar. É preciso avançar em diversas questões sociais e econômicas e essas respostas precisam vir a curto prazo. Por isso a FJM se propõe a dialogar com todos os militantes do socialismo, independentemente de sua filiação partidária, para debater uma construção política que se oponha ao modelo capitalista, modelo individualista, consumista, excludente e devastador.
Para atingir o objetivo de construir o Partido Socialista como espaço de vivência ética, democrática, livre, solidária, respeitosa da natureza de nosso planeta e valorativa das diferenças culturais, étnicas, de gênero, religiosas e políticas, a FJM realiza e apoia a realização de ciclos de estudos, cursos, simpósios, conferências e debates como o Pense Brasil Virtual. A Fundação ainda patrocina a realização de pesquisas e estudos de cunho econômico, social, cultural e político; publica livros e/ou cartilhas que possam contribuir para a formação política do cidadão.
A Fundação João Mangabeira é uma entidade sem fins lucrativos, que tem como missão a formação política e a formulação de políticas públicas socialistas. Tem sede em Brasília. Seus órgãos de direção são o Conselho Curador, a Diretoria Executiva e o Conselho Fiscal.