O legado de Eduardo Campos
“O possível a gente faz, o impossível o povo nos ajuda a fazer” (Miguel Arraes de Alencar)
Eduardo Campos tinha na práxis política do avô, o ex-governador Miguel Arraes de Alencar, uma bússola para sua vida pública. Essa práxis estava condensada em um quadrivium: “a luta sem fim pela democracia; a defesa permanente da soberania; o compromisso com os excluídos e a crença na força da organização popular”, conforme Campos lembrou.
Foi com esse legado em mente que, em seu discurso de posse no primeiro mandato como governador do Estado de Pernambuco, em 1º de janeiro de 2007, Campos proclamou que chegara um tempo em que “os que sempre perderam vão começar a ganhar. Começara uma época em que “as vítimas não serão mais os culpados. Um tempo em que a indignação seja a ferramenta para enfrentar a pobreza, a miséria, a violência e a exclusão”.
Mas Eduardo Campos também tinha em mente a necessidade de o país responder aos desafios colocados pelas dramáticas transformações socioeconômicas e tecnológicas pelas quais o mundo vem passando.
Assim, em seu último discurso como governador de Pernambuco, em 4 de abril de 2014, pouco antes de se lançar candidato à Presidência da República, ele lembrava que o Brasil precisava voltar a ser pensado em uma perspectiva de longo prazo, estratégica, como ocorrera em décadas passadas. Ele lembrava que os brasileiros tinham feito um pacto que venceu a ditadura; outro que extinguiu a hiperinflação e estabilizou a economia e um terceiro que garantiu melhor distribuição de renda. Chegara a hora, dizia ele, de construir uma nova agenda para o País, que levasse em conta as necessidades de crescimento equilibrado, atenção à educação e saúde, e para enfrentar os desafios tecnológicos da era da informação. “Com os pés no chão, os olhos no futuro atento ao que anunciou o mestre Gilberto Freyre: eu ouço as vozes, eu vejo as cores, eu sinto os passos de outro Brasil que vem aí, mais justo, mais equilibrado, mais brasileiro”.
Essa coletânea de discursos condensa o enorme legado de Eduardo Campos para o Brasil, hoje mais necessário do que nunca.