PENSE BRASIL discute o Estado de Direto e a Democracia no Brasil
Evento é organizado pela Fundação João Mangabeira, do Partido Socialista Brasileiro (PSB)
O PENSE BRASIL – Estado de Direito e Democracia reuniu nesta terça-feira, 16, em Brasília dezenas de especialistas, gestores públicos e líderes políticos. O evento faz parte de um ciclo de discussões estratégicas sobre o futuro do país promovidas pela Fundação João Mangabeira (FJM), vinculada ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), e debateu os riscos que a atual situação política brasileira traz ao Estado Democrático de Direito.
Ricardo Coutinho, presidente da Fundação João Mangabeira e ex-governador da Paraíba, abriu os trabalhos. Para ele, “a preservação do Estado de Direito e da democracia é a condição-mãe de todas as políticas públicas. O Brasil está afundando a sua democracia a tal ponto que faz com que a população a veja como algo dispensável. Os que se opõem a isso ainda não descobriram o melhor caminho para interromper esse processo. O PSB e a Fundação João Mangabeira pretendem, com esse debate, aprimorar uma estratégia para que possamos superar esse impasse e derrotar os que estão contra o povo brasileiro, retomando o crescimento econômico com inclusão social”, afirmou.
O jornalista Luiz Nassif, que falou sobre os riscos e desafios da crise brasileira, fez uma séria crítica sobre a relação da mídia com os políticos de direita e ultradireita. “A imprensa instrumentalizou a direita, que ganhou vida própria, passou a usar as redes sociais e ganhou independência. Os fake news que a imprensa tradicional fazia, que a Veja alimentou por tanto tempo, a direita pegou e faz muito melhor. E hoje governa o País”, disse Nassif.
Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB, afirmou que o partido tem que dar o exemplo de boa conduta política. “Na reforma da Previdência, por exemplo, os 11 deputados dissidentes do partido não foram apenas contra a fidelidade partidária. Eles votaram contra a população pobre do nosso País. É por isso que eles devem responder e o PSB não pode titubear no que deve ser feito. Nós não queremos números; nós queremos ter identidade, que é o que falta aos partidos políticos. Quando o cidadão votar no PSB tem que saber no que está votando”, afirmou o presidente.
Durante o evento a Fundação João Mangabeira prestou uma homenagem ao jornalista Paulo Henrique Amorim, que participaria da palestra sobre Mídia, Poder e Cidadania, mas faleceu no último dia 10.
Em sua palestra, a jornalista Helena Chagas falou que “nós vivemos tempos de escândalos midiáticos, quando a mídia extrapola sua função de noticiar e passa a ser parte das investigações. Houve uma desmoralização da política diante da população. A Lava Jato e a imprensa tradicional criaram um clima de que todo político é corrupto. A mídia tradicional tem um papel significativo nessa crise política, econômica e social que nós enfrentamos”, denunciou. O ex-governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg afirmou que o País vive uma ameaça real do fascismo, “a gente percebe muito claramente uma manipulação da vontade popular, porque essa população que vai as ruas defender uma reforma da Previdência não tem a menor ideia do que está defendendo porque se ela soubesse, ela jamais estaria ali defendendo esse discurso”.
O economista e professor da Unicamp, Luiz Gonzaga Belluzzo disse que o que ele está vendo hoje no Brasil é um processo de destruição, “nós estamos destruindo todas as instituições e formas de organização que nós construímos ao longo de cinco ou seis décadas”. O economista citou como exemplo o desmonte do BNDES.
Ao citar a decisão do Ministro do STF, Dias Toffolli para interromper as informações que seriam prestadas pelo COAF, órgão de inteligência financeira, num inquérito onde é investigado entre outros tantos, o senador Flávio Bolsonaro(PSL-SP), o ex-ministro do STJ, Gilson Dipp, disse que estamos vivendo sob os desígnios de um “governo autoritário em relação ao direito e à justiça” Dipp repudiou a tentativa de transferência do COAF para o ministério da justiça.
O coordenador do MTST e ex-candidato a presidente da república pelo PSOL, Guilherme Boulos, avaliou o voto no atual presidente nas eleições de 2018 como um voto de “desespero” do eleitor e ressaltou que a esquerda precisa usar as mídias digitais de forma inteligente, “nós precisamos saber nos apropriar dessas tecnologias”. Para o deputado federal Alessandro Molon(PSB-RJ), a democracia está em risco pois aos poucos vão sendo alterados direitos considerados adquiridos, ele citou a preocupação com o direito à liberdade de imprensa. Na semana passada surgiram boatos de que o jornalista Glenn Greenwald poderia ser preso e que a licença do ministro Sérgio Moro do Ministério da Justiça poderia estar ligada a isso, “foram boatos, mas só o fato de nós nos perguntarmos sobre isso é um sinal preocupante dos nossos tempos”, afirmou Molon.
No final do evento, Fábio Maia, diretor de organização da Fundação, convidou os socialistas para o próximo Pense Brasil, que ocorrerá em agosto no Recife. “A pauta será a visão do mercado de trabalho. Nós vamos demonstrar as experiências do Pernambuco e da Paraíba, onde nós implantamos o desenvolvimento econômico de baixo para cima, por meio do micro crédito. São práticas exitosas das gestões do PSB”.