Perseguição dos conservadores contra a pauta LGBTQI+ é assunto de live da autorreforma do PSB
Ausência de políticas públicas eficazes para combater a violência e homofobia foi um dos destaques da conversa
A quarta live do ciclo de debates virtuais sobre a autorreforma, realizada nesta sexta-feira (2), trouxe à luz os inúmeros problemas enfrentados pela comunidade LGBTQI+ nos últimos anos, como a ausência do Estado na vida dessas pessoas e a falta de inclusão dessa parte da população nas políticas públicas em âmbito nacional, estadual e municipal. O tema “Atual Conjuntura da Perseguição dos Conservadores e o Compromisso da Esquerda Brasileira” foi debatido por Thatiane Araújo, secretária nacional do Segmento LGBT Socialista; Isabely Carvalho, vereadora eleita em Limeira; Roselaine Dias, Setorial LGBT do PT, no Rio Grande do Sul, e Juliene Silva, membro da Comissão de Autorreforma do PSB, com mediação de Flávio Brebis, membro da Executiva Nacional do Segmento LGBT Socialista.
Em meio a muitas críticas sobre a gestão do atual presidente e sua postura assumidamente homofóbica, Thatiane Araújo abriu os trabalhos falando da importância da pauta da live. “O tema tem tudo a ver com essa construção histórica, desse nosso posicionamento da esquerda, do nosso socialismo, num momento tão nefasto, pensar quais são as estratégias que a gente vai repensar para uma nova era. A gente quer um ‘Fora Bolsonaro’ o mais rápido possível, mas se não acontecer, ainda em 2021, a gente tem que pensar na próxima eleição e como essa nossa pauta LGBT tem que ser viabilizada”, declarou Thatiane.
Em seguida, a palavra foi dada a Isabely Carvalho, que discursou sobre a importância da resistência contra o bolsonarismo e suas raízes conservadoras. “Não basta o impeachment de Jair Bolsonaro. Não basta a queda de Bolsonaro, nós precisamos é efetivamente da destruição daquilo que nós chamamos de bolsonarismo. A gente vê as mobilizações de rua agora, mesmo com a pandemia, em um momento difícil, e a gente considera a política genocida de Jair Bolsonaro, que podemos chamar de desgoverno, mais perigosa do que o vírus”, enfatizou a vereadora.
Já Roselaine Dias lembrou da importância da democracia, do voto e da filiação partidária como única via de transformação social. “Não existe outra forma de interferir no Brasil, institucionalmente, que não seja pela via partidária. Graças ao nosso processo de democracia, nós temos processos de eleição e essas eleições são organizadas via representação partidária. Então cada pessoa tem que estar vinculada a um partido para conseguir estabelecer esse processo de representação”, disse Roselaine, que também fez duras críticas ao governador do seu Estado, Rio Grande do Sul, que “saiu do armário” em rede nacional, na última quinta-feira (30), no programa “Conversa com Bial”, da Rede Globo. “Não basta, para nós, termos um governador assumidamente gay quando ele não consegue trazer uma pauta LGBTQI+ em sua gestão. Na sua estruturação de política pública não existe uma coordenação, não existe orçamento para população LGBTQI+ no Estado, não existe fomento do Conselho Estadual LGBT que nós temos aqui, então não existe. Existe uma pessoa, hoje, que se autodeclara gay para o cenário nacional, mas isso tem que estar relacionado também com o seu posicionamento político”, declarou.
Encerrando o debate, Juliene Silva lembrou a importância da reflexão sobre o que levou Bolsonaro a ser eleito. “O Bolsonaro não chegou lá sozinho, ele foi eleito por milhares de pessoas que concordam com o que ele fala. Nós temos um índice muito maior de violência contra os LGBTQI+ agora, só que essa violência não começou agora, vem de muito antes. O que o Presidente da República traz para a gente é a ampliação da voz dos preconceituosos e por que é importante falar disso? Porque a gente precisa entender que é preciso mudar a sociedade como um todo”, ressaltou Juliene, que destacou igualmente a importância da transversalidade. “O que a gente trabalha dentro da autorreforma é a transversalidade das nossas pautas. É tratar a pauta de LGBTQI+ dentro da pauta econômica, educacional, é para tratar sobre isso dentro da pauta das mulheres, em todas as pautas, não só dentro do nosso processo dos movimentos sociais, ela precisa transversalizar todos os processos. Toda vez que você falar sobre emprego, precisa fazer o recorte que a gente precisa tirar as nossas mulheres travestis da rua, precisa parar de ter esse direcionamento social de que elas servem apenas para prostituição. No contexto educacional, falar em formar nossa população LGBTQI+, terminar o ensino médio e ter acesso às universidades. Então, isso é uma pauta que precisa ser transversal para poder construir, de fato, uma política pública que seja eficaz”, enfatizou.
Todos os debates do ciclo de palestras e as ideias e soluções apresentadas em cada um deles vai gerar documentos para a autorreforma do PSB.