Publicado 27 de dezembro de 2021 08:00. última modificação 26 de dezembro de 2021 13:08.

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Retrospectiva FJM – Negritude Socialista de SP

Negritude Socialista de SP promoveu série de encontros para discutir o Atlas da Violência contra negros no Brasil

Advogados, jornalistas, líderes comunitários, embaixadores da cultura e membros da polícia militar e civil reuniram-se para debater o tema da segurança

O Atlas da Violência deu o alerta: negros representaram 77% das vítimas de homicídios no país. Para entender esse contexto, causas e motivos de tal violência, a Negritude Socialista de São Paulo, por meio de seu secretário geral Arlindo Felipe Jr., organizou vários encontros com personalidades negras que debateram o tema, incluindo a violência policial estampada cotidianamente nos jornais de todo o país.

As discussões colocaram o dedo na ferida sobre todo o contexto histórico que permeia a violência contra os negros desde a escravidão, passando pela abolição, república e chegando aos dias atuais. Esse contexto histórico foi trazido pelos participantes já na primeira live realizada. Participaram do encontro Elizeu Soares Lopes, ouvidor da polícia de São Paulo; Dojival Vieira, advogado e jornalista, e Silvio Conceição do Rosário, capitão da Polícia Militar da Bahia. Outro ponto importante foi a constatação de que as instituições brasileiras precisam pensar em um modelo de polícia que não tenha o negro como o inimigo a ser combatido.

Já a segunda live contou com Amanda Sobreira, advogada e diretora de Estudos e Pesquisas da Fundação João Mangabeira; Márlon Reis, advogado, ex-juiz de Direito e doutor em Sociologia Jurídica; e Lívio Rocha, investigador de polícia, pesquisador de Segurança Pública e Cidadania do Mackenzie e associado do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O time de peso debateu a segurança pública como assunto eleitoreiro, que não condiz com a realidade. Iniciativas de soluções, como a escuta da população, passando por ações a longo prazo que incluam ações sociais em ambientes mais violentos.

Sempre com mediação de Arlindo Felipe Junior, secretário geral da NSB-SP, o terceiro encontro foi recheado de simbolismo, força e muita luta, reunindo mulheres que são líderes comunitárias de importantes e diferentes bairros e regiões de São Paulo. Participaram Mércia Ribeiro, líder comunitária de Heliópolis e integrante da União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região (UNAS); Rose Ferreira, líder comunitária da Capadócia e militante por moradia desde 2010, e Luiza de Guaianazes, ou mãe Luiza, como é mais conhecida na região, presidente da ONG Orgulho de uma Raça e zeladora de santo. Esse olhar feminino sobre a violência foi um dos pontos altos da série de lives, expondo as preocupações, angústias e esperanças de quem mais sofre com a truculência policial de perto, cotidianamente. Elas levantaram questões como a violência policial sem medidas, a ausência do poder público, a necessária escuta da comunidade e a injusta divisão de classes.

Encerrando esse tema tão polêmico e necessário a ser discutido, a Negritude Socialista de São Paulo convidou Tamires Sampaio, secretária-adjunta de Segurança Cidadã de Diadema e diretora do Instituto Lula; Jesus dos Santos, codeputado da mandata coletiva de São Paulo; Bruno Ramos, articulador nacional do Movimento Funk e colunista do Mídia Ninja, e Anderson John, presidente do Movimento Atitude, com mediação de Arlindo Felipe Jr., Secretário Geral da NSB-SP.

Os jovens, periféricos e envolvidos com a cultura de suas regiões debateram o contexto histórico de perseguição e as tentativas de frear qualquer manifestação cultural negra após a abolição e exemplificaram como isso continua reverberando nos dias atuais. Ficou claro que não só a violência policial, mas também o preconceito, leva à reprimenda violenta da cultura da periferia, como o funk, o mais combatido atualmente, ou o samba, outro gênero que já foi ligado à vadiagem e até ganhou uma lei específica de reprimenda.

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