Retrospectiva FJM -Observatório da Democracia
Série de Lives do Observatório da Democracia traça a atual conjuntura política bolsonarista e os meios da esquerda vencer as eleições de 2022
Debates sérios, ricos em conteúdo, com análises claras e estratégias precisas foram o mote do ciclo de debates realizado pelo Observatório da Democracia, em uma série de cinco lives, entre agosto e setembro de 2021.
Integrado por fundações partidárias de esquerda, o Observatório da Democracia realizou as lives para debater os assuntos tratados no livro ‘Reconstruir a Democracia: União de amplas forças políticas e sociais para a luta ideológica’, editado pela Anita Garibaldi e a Expressão Popular. A obra foi lançada em julho deste ano e reuniu autores das mais variadas áreas do conhecimento, que traçaram um plano de luta ideológica com diagnóstico, programa e tática para o combate ao bolsonarismo na próxima eleição.
A primeira live teve a participação do advogado Lúcio Flávio Dias; da jornalista Renata Mielli; do biólogo Leandro Loguércio; do administrador público Zé Gustavo, e da juíza Mara Loguércio, com moderação de Henrique Matthiessen, da Fundação Leonel Brizola. O foco do debate foi mostrar que a combinação da luta política com a luta ideológica é fundamental para derrotar aqueles que querem derrubar a democracia no país.
Os especialistas fizeram diagnósticos sobre as plataformas digitais e como o bom uso dos algoritmos das redes sociais podem, sim, trabalhar a favor da continuidade do estado de direito, que também foram discutidos e hoje, sem dúvida, esse é o campo de batalha para a guerra ideológica que ocorre no país e um plano para travar essa luta é indispensável.
A segunda live tratou sobre a identificação das ameaças, além da união e de ação efetiva e coordenada da esquerda como meios de tirar o país das garras do bolsonarismo, com a participação do professor João Cezar de Castro Rocha e do ex-prefeito de Maranguape, Marcelo Silva, da Fundação Verde Herbert Daniel, com mediação de Davi Emerich, da Fundação Astrojildo Pereira.
O debate foi muito enriquecedor para se entender o momento da história e, como e porque Bolsonaro conseguiu ganhar a eleição de 2018, e que só a atuação em várias frentes pode mudar o mecanismo implantado pelo atual governo, que a cada semana ‘cria’ um novo inimigo e sugere aos seus seguidores que é preciso combatê-lo, gerando essa tensão de que o problema são os outros, não eles.
A terceira live falou sobre as facetas da guerra ideológica praticada pelo bolsonarismo, como o uso do lawfare, termo utilizado para o uso do direito na política, os prejuízos psicológicos das fake news e como o termo Guerra Cultural tem cunho de extrema direita e precisa parar de ser utilizado. Quem proporcionou essas reflexões sobre os temas expostos foram a advogada Lorena Freitas; o psicólogo social, Marcos Ferreira, e o neurocientista Sidarta Ribeiro, com mediação de Mariana Moura, do Instituto Cláudio Campos.
Foi mais um debate de alto nível e cheio de fatos e ideias que fazem pensar. O que ficou latente é a diferenciação de como a direita elitista que está no poder trata o povo, tentando mudar a sua essência e formatando-o ao que consideram um padrão apropriado, em vez de estudar, valorizar as individualidades e dar voz para a parcela da população que mais tem sofrido com essa polarização política, econômica e social que vivemos. A verdadeira luta é a busca por um denominador comum para que haja união em torno de uma agenda positiva para o país no pleito de 2022.
A penúltima live colocou o dedo na ferida da esquerda atualmente no país, falando da falta de consolidação na cultura democrática e da perda da capacidade de planejar o futuro, sendo alguns dos vários obstáculos para a construção e verdadeira frente ampla. O assunto foi debatido pelo advogado Aldo Arantes; o ex-ministro da Cultura, Juca Ferreira, da Fundação Perseu Abramo; Carlos Lopes, do Instituto Cláudio Campos; do deputado federal Glauber Braga, representante da Fundação Lauro Campos/Marielle Franco, e de Alexandre Navarro, vice-presidente da Fundação João Mangabeira e presidente da Faculdade Miguel Arraes, com mediação de Carina Vitral, da Fundação Maurício Grabois.
O debate mostrou as questões que talvez impeçam uma frente ampla, mas que devem e precisam ser superadas, pois está claro que só assim haverá uma real possibilidade de vencer o bolsonarismo na próxima eleição.
Por último, o assunto foi a Tática da Luta Ideológica e contou com a participação de Beatriz Tibiriçá, do Coletivo Digital; Jonas Valente, da Coalizão Direitos na Rede; Claudia Archer, diretora da Associação Software Livre, e Everton Rodrigues, ativista do software livre, com mediação de Luciana Capiberibe, da Fundação João Mangabeira (FJM). Os temas levantados mostraram os meios que levarão o país ao fim do radicalismo de direita, entre eles o diálogo, a escuta da sociedade e o despertar da consciência crítica do povo, gerando uma reversão e atraindo setores e pessoas que, em algum momento, migraram para o bolsonarismo.
Todos os vídeos das lives realizadas podem ser conferidas na íntegra no canal do YouTube do Observatório da Democracia em: https://www.youtube.com/c/observatoriodademocracia