Publicado 31 de outubro de 2024 13:37. última modificação 1 de novembro de 2024 09:51.

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Secretário de Relações Internacionais do PSB fala sobre ações à frente docargo

O professor Paulo Bracarense é Secretário de Relações Internacionais do Partido Socialista Brasileiro, cargo que assumiu em maio de 2023. Experiente, ele é professor doutor da Universidade Federal do Paraná. Além da atuação acadêmica, possui experiência institucional. Foi presidente do Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica como representante da Fundação da Universidade Federal do Paraná; foi secretário municipal de Trabalho e Emprego da Prefeitura de Curitiba e ainda assessorou o Ministério de Ciência e Tecnologia. É autor do livro Esverdeamento dos Empregos pela Via do Desenvolvimento Sustentável publicado pela Fundação João Mangabeira.


Nessa entrevista, à jornalista Luciana Capiberibe, Bracarense explica sua atuação frente à secretaria, relata a eleição do PSB para a diretoria da Aliança Progressista Global, entidade internacional partidária, que reúne mais de 150 agremiações do mundo todo; desvenda o papel do observador internacional de eleições; e fala sobre o estreitamento de relações com o Partido Socialista de Portugal.

Você e a deputada federal de São Paulo, Taba Tamaral, são os representantes juntos àquela entidade. Foi a primeira vez que isso aconteceu.Qual o significado dessa eleição?
O que é a Aliança Progressista Global? Pode explicar para a gente?

Sim. A Aliança Progressista Global é uma entidade internacional, que reúne partidos e fundações do campo progressista. Partidos social-democratas e socialistas e fundações desses partidos ou algumas fundações independentes se reúnem para discutir uma agenda global do campo progressista.

Essa entidade reúne mais de 150 instituições e o Partido Socialista Brasileiro se filiou a elaem 2013, ocasião em que a Fundação João Mangabeira e o partido se aproximaram do Partido da Social-Democrata Alemão, p SPD, e a sua escola de governança, que é uma parceria também entre a Universidade Humboldt de Berlim e a Universidade Viadrina, de Frankfurt.

Muito bem. Então, nessa ocasião a doutora Gesine Schwan (Gesine Schwan é cientista política e concorreu por duas vezes – 2004 e 2009 – à Presidência da Alemanha pelo Partido Social-Democrata Alemão- SPD), esteve aqui no Brasil. Na época, o presidente do partido era o governador Eduardo Campos. Ele esteve lá na Alemanha. E, a partir daí, o partido foi convidado a participar da Aliança Progressista. De lá para cá, o partido tem participado, através da sua Secretaria de Relações Internacionais, das atividades da Aliança Progressista.

FJM – E como foi essa eleição do Partido para a direção da Aliança Progressista?

Pela primeira vez o partido fará parte da direção da Aliança Progressista. É a consequência da importância que o partido tem desempenhado na Aliança Progressista. São cerca de 40 partidos que fazem parte da direção. Aqui nós temos uma organização regional que chama APLA, que é a Aliança Progressista para a América Latina. Então, a APLA é um capítulo da Aliança Progressista Global.

A APLA agora estendeu um pouco sua atividade e também o Partido Democrata dos Estados Unidos e o Novo Partido Democrático (NDP) fazem parte da APLA, fazem parte da Aliança Progressista Global e, portanto, também da Aliança Progressista para a América Latina, que continua com a sigla APLA, mas é a Aliança Progressista para as Américas. E a Aliança Progressista para as Américas indicou sete pessoas. Então, nós nos organizamos aqui nas Américas e indicamos sete entidades para fazerem parte dessa diretoria. Só que o número de partidos que se inscreveram foi maior do que 40. Alguns partidos, inscritos não foram eleitos.

FJM – Professor, o sr. participou como observador internacional das eleições gerais do México em junho deste ano. Como é que você vê o resultado das eleições do México, que terminaram com a vitória de Cláudia Scheinbaum, candidata do então presidente Andrés Manuel López Obrador? Como é que foi esse processo? Além de participar lá como observador, o sr. também participou na República Dominicana. Pode explicar para a gente qual é esse papel desempenhado pelos observadores e como é que você vê esses dois processos particularmente, o do México e o da República Dominicana?

Sim. Primeiro, nós estivemos nas eleições da República Dominicana a convite da comissão eleitoral. A Aliança progressista participou com alguns representantes. Nós aqui no PSB fomos um desses participantes. A eleição lá se dá em dois momentos.

Primeiro, há uma eleição municipal, que ocorreu em abril, cerca de três meses antes da eleição presidencial. Nós estivemos lá nas duas oportunidades. Na segunda, o presidente Carlos Siqueira do PSB esteve também como observador.

Fomos nós dois apresentando o PSB. E a eleição do México foi agora mais recente. São processos bem diferentes os dois processos da República Dominicana e do México, começando, claro, pelo tamanho dos países.

Na República Dominicana tem cerca de 11 milhões de habitantes. Cerca de 7 milhõesestavam aptos para votar. E como a eleição lá não é obrigatória, a metade desses eleitores aptos a votar foram as urnas, cerca de 3,5 milhões de eleitores em um país pequeno.

Então é um processo bem controlado. O vitorioso nas duas etapas foi o Partido Republicano Moderno, que é um partido de tendência social-democrata um pouco mais à esquerda, elegeu as prefeituras das principais cidades. Elegeu também a maioria dos representantes do parlamento e depois reelegeu o presidente da República.

O objetivo da missão é observar o dia das eleições. Isso é importante e a nossa declaração diz respeito ao dia da eleição.

A mesma coisa no México, um país bem maior. Também as eleições no México não são obrigatórias, mas houve uma participação bastante grande, 70% das pessoas, porque lá no México, diferente do que na República Dominicana, havia uma maior competição.

Havia três candidatos, então a candidata vencedora, que é a candidata oficial do partido Morena, a Cláudia Scheinbaum, e havia dois outros candidatos, mais uma mulher e um candidato bastante jovem, do movimento cidadão. Então o partido Morena, que é um partido progressista, um partido de políticos de esquerda, acabou elegendo a sua candidata, a primeira mulher eleita como presidenta da República no México. Foi uma eleição importante.

Nesse caso, nós chegamos um pouco antes das eleições, pudemos acompanhar todo o processo que antecede imediatamente as eleições. Então, diferente do que na República Dominicana, nós observamos o dia das eleições. No México, nós observamos o dia das eleições, mas também observamos a preparação dessas eleições.

O México tem um grande problema, que é o narcotráfico, que domina várias regiões do território mexicano. Então, nem conseguimos as condições para ir a esses lugares porque havia sempre algum risco. Para você ter uma ideia, nos seis meses que antecederam as eleições, foram assassinados 40 candidatos no País. Mesmo quando nós estávamos lá, dois candidatos, um deputado e um prefeito foram assassinados. A maioria desses assassinatos é realizado pelo tráfico, que determina quem serão os candidatos em certas regiões.

FJM – Esse ano, em junho, teve uma comissão daqui, que o senhor fez parte, fez parte também o vice-presidente da Fundação João Mangabeira, Alexandre Navarro, que foi para Portugal e se encontrou com representantes do Partido Socialista Português. E, agora, recentemente, teve uma reunião em Brasília, na sede do PSB com representantes da Universidade Lusófona do Porto, em Portugal. Como é que vai se dar esse intercâmbio, esse estreitamento das relações e como é que foi essa viagem que vocês fizeram para Portugal, em junho desse ano.

crédito: arquivo PSB

Nossa relação com o Partido Socialista de Portugal é uma relação bem consolidada. Os representantes do Partido Socialista de Portugal estiveram nos nossos últimos congressos O presidente Carlos Siqueira já esteve lá em Portugal, numa oportunidade junto com o deputado Molon, quando era o secretário de Relações Internacionais. Então, essa relação do Partido Socialista Brasileiro com o Partido Socialista de Portugal já tem uma história. O que nós procuramos é consolidar essa relação através de atividades que são de interesse de ambos os partidos.

Sobre essa última missão de quando estivemos em Portugal agora em junho, no ano passado, em maio, houve um curso de formação de militantes, principalmente jovens militantes, realizado pela Secretaria de Formação Política do PSB, que é liderada pelo Domingos Leonelli, que é seu secretário, com o apoio da Fundação João Mangabeira. O Alexandre Navarro participou também desse curso de formação como palestrante. A viagem era premiação para as duas melhores redações do curso de formação política, que podia ser um trabalho, uma redação ou um artigo sobre o socialismo criativo, baseados no programa apoiado no Congresso da Autorreforma, em 2022.

Duas pessoas foram selecionadas, a Thaynara Melo, aqui de Brasília, ela é assessora no Senado, e o Thiago Meneghel, que é professor do Instituto Federal de Santa Catarina, lá no campus de Lages, em Santa Catarina. Os dois tiveram seus trabalhos, excelentes trabalhos, selecionados. A premiação para esses dois trabalhos era uma viagem política para Portugal, de uma semana.

E acompanharam, então, esses dois vencedores pela fundação, o seu vice-presidente, Alexandre Navarro, e eu pelo partido. Durante essa semana que passamos lá tivemos intensas atividades, todos os dias tivemos reuniões com partidos socialistas ou com membros do partido que estão em importantes instituições.

A primeira reunião que fizemos foi justamente com o professor Antônio da Cruz Rodrigues, da Universidade Lusófona do Porto, ele também trabalha em Lisboa, no curso de pós- graduação em economia criativa. Ele agora, essa semana, está no Brasil, e por conta disso, nós convidamos ele para duas atividades conosco. Fizemos uma reunião com professores de economia criativa, o Leonel que é aqui da Universidade Católica de Brasília e mais algumas pessoas do partido que têm formação acadêmica na área.

Então, essa primeira reunião foi uma reunião acadêmica para discutirmos a possibilidade deter a economia criativa como um dos eixos de ação política. Isso é uma novidade conhecida pelo professor Antônio, que nós somos o único partido no mundo que trabalha a economia criativa, que para nós se transforma na ação que nós chamamos de sociedade criativa, mas que essa é uma experiência única. E por isso o interesse dele conosco e, claro, nós com ele, porque a ação da universidade nas suas tarefas mais comunitárias é com comunidades criativas.

Bom, então esse é um eixo importante, uma parceria importante que o partido e a fundação estão mantendo, junto com essa universidade que alcança de norte a sul, de Portugal. E, além disso, nós estivemos lá com o Partido Socialista em várias oportunidades. Estivemos na sede do partido com o seu presidente, estivemos no parlamento com várias lideranças. Na ocasião estavam ocorrendo as eleições para o Parlamento Europeu, então acompanhamos essas eleições. E estivemos na Universidade de Coimbra, cujo reitor foi candidato pelo Partido Socialista ao Parlamento Europeu, ele nos recebeu lá para reuniões de trabalho. Estivemos também numa rádio comunitária.

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